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Tuesday, April 24, 2012
ALMEIRIM (1948-1981)
O
navio de carga geral e passageiros ALMEIRIM foi o segundo de uma
série de seis unidades de 9.500 TDW e lotação para 12 passageiros
construídas em Sunderland, Inglaterra, para a Sociedade Geral de
Comércio, Indústria e Transportes, a dinâmica empresa de
transportes marítimos associada ao Grupo CUF e constituída em 1919
por Alfredo da Silva.
A
Sociedade Geral era na época a mais importante das companhias de
navegação portuguesas, tendo adquirido após a segunda guerra
mundial vinte e dois navios, dos quais vinte novos ao abrigo do plano
de renovação da frota de comércio portuguesa que viria a ficar
conhecido por Despacho 100.
O
ALMEIRIM foi entregue à SG em 1948, um ano particularmente feliz no
que toca à marinha mercante nacional, em resultado da incorporação
nas diversas frotas de um elevado número de unidades novas, mais
exactamente 22 navios. A chegada dos navios novos a Lisboa era sempre
uma festa, com direito a notícias destacadas na imprensa e visita
oficial do Ministro da Marinha Américo Tomás e muitas vezes, dos
Presidentes da República e do Conselho de Ministros, respectivamente
Óscar Fragoso Carmona e António de Oliveira Salazar, e das mais
altas individualidades da época.
Do
período de expansão da marinha mercante no tempo do Despacho 100
ficou a ideia errada de se ter tratado de uma obra de regime do
Estado Novo e inclusive terá sido essa ligação do Poder no tempo
de Salazar com a marinha de comércio que depois alimentou no regime
da terceira república pós-1974 um certo ódio ao sector que na
prática conduziu a um trágico processo de desmaritimização. Nada
de mais errado, os pressupostos do Despacho 100 tinham em
consideração o desenvolvimento da economia nacional, de que a
marinha mercante era então um elemento importante, e procuravam
evitar a repetição das situações dramáticas vividas por Portugal
durante a guerra, em especial de 1940 a 1945, quando deixou de ser
possível recorrer a navios mercantes estrangeiros e a nossa frota se
mostrou insuficiente. Na época, tal como hoje, não tínhamos um
único petroleiro e a frota de transporte de carga e de passageiros
era velha e reduzida em dimensão, apesar de maior do que a actual em
termos relativos.
A
atitude céptica dos portugueses em relação ao mar não é apanágio
da actualidade e mesmo no tempo do ministro Américo Tomás houve
resistências ao desenvolvimento da marinha mercante e nunca se
conseguiu o objectivo de assegurar 60 por cento das nossas
necessidades de transporte marítimo com frota própria, apesar de se
ter chegado aos 40 por cento.
Voltando
ao cargueiro ALMEIRIM resta acrescentar que foi um belo navio e um
importante instrumento económico: navegou durante 32 anos, sempre
com o mesmo nome e bandeira e infelizmente não foi substituído
quando em 1980 se concretizou a sua venda para sucata.
Neste
processo lento de abate e redução da marinha mercante nacional, em
mais de 80 por cento, perderam-se em Portugal 50.000 postos de
trabalho, arruinou-se a indústria naval e gastaram-se rios de
dinheiro em afretamentos de navios estrangeiros, num processo não
contabilizado oficialmente mas que se pode cifrar em mais de 500
milhões de euros pagos anualmente ao estrangeiro, situação que
continua a observar-se sem que se procure minimizar a situação,
quer por parte do Estado, quer por intervenção de privados. Oxalá
Portugal não volte a passar fome literalmente por não dispor de
marinha mercante.
ALMEIRIM
(1948-1981)
Navio
de carga e passageiros a motor, construído de aço, em 1947-1948. Nº
IMO(Lloyd's Register): 5012058. Nº oficial: H 364; Indicativo de
chamada: CSGU. Arqueação bruta: 5.289 toneladas; Arqueação
líquida: 3.136 toneladas; Porte bruto: 9.588 toneladas; Deslocamento
máximo: 13.118 toneladas; Deslocamento leve: 3.530 toneladas.
Capacidade de carga: 4 porões servidos por 5 escotilhas, com 15.370
m3.
Comprimento ff.: 137,81 m; Comprimento pp.: 132,08
m; Boca: 17,95 m; Pontal:
8,14 m; Calado: 7,98 m. Máquina: 1 motor diesel Doxford, com 4.250
bhp a 108 rpm; consumo diário de 18 toneladas de “Diesel oil”. 1
hélice de 4 pás. Velocidade: 13,00 nós (13.75 nós vel. máx.).
Passageiros: 12 em 6 camarotes. Tripulantes: 37. Navios gémeos:
ALCOBAÇA, ALENQUER, AMBRIZETE, ANDULO e ARRAIOLOS. Custo: £
379.973, cerca de 39.543.000$00.
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