Tuesday, June 19, 2012

BRAGA (1948-1977)

O BRAGA foi o segundo dos quatro gémeos da Sociedade Geral conhecidos por “classe B”. Tal como os seus irmãos era um navio bonito de semblante britânico com a aparência de cargueiro bem equipado, com os seus dois mastros e muitos paus de carga. Com a entrega do BRAGA à Sociedade Geral a frota desta empresa ultrapassou pela primeira vez o total de 150 mil toneladas de porte bruto, sendo então o armador nacional com a frota mais importante, quer em número de unidades quer quanto a capacidade de transporte.
O Jornal da Marinha Mercante, então dirigido por Maurício de Oliveira, elogiou as muitas qualidades do “navio-motor BRAGA” na sua edição nº 75 de Setembro de 1948, tendo-se então escrito que o BRAGA tinha “camarotes de luxo e de primeira classe” para 12 passageiros e que estava equipado com “máquinas de renovação de ar e aquecimento de todas as dependências, além de máquinas próprias para destilação de água de uma tonelada em cada vinte e quatro horas e de um vaporizador com o rendimento de 10 toneladas por dia. As instalações eram muito luxuosas e todos os camarotes, salas e casas de banho tinham ar e luz naturais.”
À chegada a Lisboa o BRAGA foi aguardado pelo Sr. D. Manuel de Mello, administrador da CUF, e visitado por várias entidades oficiais e particulares. O navio entrou em Lisboa num Sábado de manhã e vinha embandeirado em arco, tendo sido saudado festivamente pelas outras unidades da SG surtas no Tejo.
Tal como os outros navios da época, o cargueiro BRAGA foi um navio esforçado e muito útil, tendo navegado mais de 28 anos até que em Janeiro de 1977 se perdeu na sequência de incêndio deflagrado na casa das máquinas, quando navegava de São Tomé para Angola, com carga geral.

BRAGA (1948-1977)

Navio de carga e passageiros a motor, construído de aço, em 1947-1948. Nº oficial: H 366; Indicativo de chamada: CSIN. Arqueação bruta: 4.455 toneladas; Arqueação líquida: 2.619 toneladas; Porte bruto: 7.224 toneladas; Capacidade de carga: 4 porões servidos por 5 escotilhas, com 12.595 m3. Comprimento ff.: 129,56 m; Comprimento pp.: 124,02 m; Boca: 16,39 m; Pontal: 7,03 m; Calado: 7,16 m. Máquina: 1 motor diesel Doxford, com 3.830 bhp a 125 rpm; 1 hélice. Velocidade: 12,80 nós (13.50 nós vel. máx.). Passageiros: 12 em 6 camarotes. Tripulantes: 33. Navios gémeos: BELAS, BORBA e BRAGANÇA. Custo: £ 337.000, correspondendo a cerca de 35.179.000$00.

O BRAGA foi construído em Sunderland, Inglaterra, no estaleiro William Doxford & Sons, Ltd., (construção nº. 760) para a Sociedade Geral de Comércio, Indústria e Transportes, de Lisboa. A 14-01-1947 procedeu-se ao assentamento da quilha e a 30-09-1947 a nova unidade foi lançado à água, tendo sido madrinha Dª. Dinorah Pessoa Lobo. No dia 21-08-1948 o BRAGA foi entregue à S.G. em Sunderland, de onde largou nesse próprio dia para Blyth (22-08 a 1-09), para carregar 6.400 toneladas de carvão com destino a Leixões (5 a 11-09) e Lisboa, onde entrou pela primeira vez a 12-09-1948. Foi primeiro comandante do BRAGA o capitão da marinha mercante José Matos Neves. O navio foi registado na capitania do porto de Lisboa a 2-10-1948 para operar no comércio marítimo de longo curso, no transporte de carga. Utilizado de início em viagens não regulares, saiu de Lisboa a 7-10-1948 na primeira viagem visitando os portos canadianos de Sorel e Montreal, com regresso a Lisboa a 5-11. Na segunda viagem foi aos EUA carregar cereais. Utlizado pela Sociedade Geral no “tramping” e nas carreiras regulares Norte da Europa – Angola. A 30-12-1971 foi vendido à Companhia Nacional de Navegação pela quantia de 7.840 contos. Em 2-01-1972 foi registado em Lisboa como propriedade da Companhia Nacional de Navegação. A 16-01-1977 registou-se a bordo do BRAGA uma explosão na casa das máquinas a que se seguiu um incêndio, ocorrido no mar em navegação de São Tomé para Luanda, em resultado do que perderam a vida 2 tripulantes, o chefe de máquinas e um fogueiro; o BRAGA foi abandonado e rebocado a 19-01-1977 para Ponta Negra por pesqueiros espanhóis. A tripulação foi recolhida das baleeiras por um navio espanhol e desembarcada em Luanda. Declarado perda total construtiva, o BRAGA foi abandonado em Ponta Negra, sendo o registo cancelado na capitania do porto de Lisboa a 28-06-1978.

Foto 1
Navio-motor BRAGA ao largo de Newcastle em 1948 quando da construção para a Sociedade Geral

Foto 2
O cargueiro BRAGA fotografado em Lisboa em 1976 já com as cores da Companhia Nacional de Navegação
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