Thursday, August 20, 2015

MOÇAMBIQUE (1949-1972)

Navio de passageiros e carga a motor, construído de aço em 1947-1949. Nº. Lloyd's: 5238420. Nº.oficial: H 387. Indicativo de chamada: CSEI. Arqueação bruta: 12.976 toneladas; Arqueação líquida: 7.628 toneladas; Porte Bruto: 9.574 toneladas; Deslocamento máximo: 18.250 toneladas; deslocamento leve: 8.676 toneladas. Comprimento ff: 167,05 m; Comprimento pp: 160,99 m; Boca: 20,50 m; Pontal na ossada: 13,48 m; Calado: 8,21 m. Capacidade de carga: 4 porões com 12 315 m3, incluindo 311 m3 de carga frigorífica. Máquina: 2 motores diesel Doxford de 6 cilindros, com 13.000 bhp a 115 rpm. 2 hélices de 4 pás. Velocidade: 17 nós (19,35 nós nas provas de mar). Passageiros: 749 (93 - 1ª, 141 - 2ª, 102 - 3ª, 413 - 3ª suplementar). Tripulantes: 213. Navio gémeo: ANGOLA. Custo: £ 1.720.000 Libras, equivalente a 157.645.000$00.

O paquete MOÇAMBIQUE foi encomendado a 20-12-1945 ao estaleiro Swan, Hunter & Wigham Richardson, Ltd., e construído em Newcastle upon Tyne, Inglaterra (construção nº 1856), para a Companhia Nacional de Navegação. A 30-10-1947 procedeu-se ao assentamento da quilha, sendo lançado à água a 1-12-1948. Foi madrinha do MOÇAMBIQUE a Sr.ª Dª. Genoveva de Lima Mayer Ulrich, mulher do Dr. Ruy Ennes Ulrich, presidente do conselho de administração da CNN. O navio fez as provas de mar em Setembro e foi entregue a 15-10-1949, tendo chegado a Lisboa a 22-10-1949. Foi seu primeiro comandante o capitão da marinha mercante Jorge Leão da Silva Cardoso. O navio recebeu a visita do Ministro da Marinha Cte. Américo Tomás a 31-10-1949. A 11-11 o MOÇAMBIQUE foi registado em Lisboa, de onde largou no dia seguinte para Leixões (12-11), iniciando a actividade comercial. A 19-11 saiu de Lisboa com 824 passageiros, na viagem inaugural para Funchal, S. Tomé, Luanda, Lobito, Moçamedes, Cidade do Cabo, Lourenço Marques, Beira e Moçambique. De 1949 até 1972 fez 108 viagens na carreira da África Oriental, para além de 4 viagens apenas a Angola, de 1957 a 1963, e de uma viagem ao Paquistão em 1962 e de 7 cruzeiros, de 1951 a 1969, às ilhas da Madeira e Açores, e ao Mediterrâneo. Com a guerra em Angola a partir de 1961, o MOÇAMBIQUE foi requisitado para servir como transporte de tropas e material de guerra fretado ao Ministério do Exército por diversas ocasiões: a 13-06-1961 (portaria nº 18.528 de 15-06-1961); 16-07-1961 (portaria nº 18.601 de 17-07-1961); 1-05-1962 (portaria nº 19.153 de 28-04-1962). Fretado ao Ministério do Exército de 1 a 30-05-1962, o MOÇAMBIQUE foi posicionado de Moçambique para Karachi onde embarcou os últimos prisioneiros da Índia Portuguesa tendo regressado a Lisboa pelo canal do Suez onde entrou a 30-05. O MOÇAMBIQUE permaneceu em Lisboa em reparação de 25-12-1962 a 17-04-1963; os alojamentos de passageiros foram modernizados pelos serviços técnicos da CNN, segundo projecto do Alm. Rogério de Oliveira, sendo substituída a “terceira classe suplementar” montada nas cobertas, por camarotes e melhorados os espaços públicos. A 17-04 o navio foi visitado pelo Presidente Américo Tomás e pelo Ministro do Ultramar, Cte. Peixoto Correia, que almoçaram a bordo e depois seguiram do Cais da Fundição para o de Alcântara, onde embarcaram os passageiros. A 29-06-1963 a arqueação líquida foi alterada para 7.619 TAL, a capacidade de carga reduzida para 10.428 m3 e o porte bruto para 7.589 TDW. Nova lotação: 545 passageiros (105 - 1ª., 141 - 2ª., 300 - 3ª.). A 17-04-1963 o MOÇAMBIQUE regressou ao serviço saindo de Lisboa para Ponta Negra, Luanda, Lobito e Moçamedes, numa viagem especial a Angola, (de 17-04 a 20-05-1963) regressando com escalas pelo Lobito, Luanda, Cabinda, Ponta Negra, São Tomé, Tenerife e Funchal. A 28-05-1970 o MOÇAMBIQUE foi abalroado pelo navio-tanque italiano PETROLSADE, no final de mais uma viagem a África, já próximo da barra do Tejo, com nevoeiro. O navio italiano enfiou a proa no costado do MOÇAMBIQUE, provocando um rombo de grandes dimensões, a destruição da amura de estibordo e de parte da superstrutura e o alagamento do porão nº 2. Registaram-se ferimentos em alguns passageiros, um dos quais veio depois a falecer. O navio entrou em Lisboa pelos seus próprios meios, foi docado provisoriamente pela Lisnave na Margueira, seguindo a 6-07 para Glasgow, onde foi reparado, de 15-07 a 12-12-1970. O MOÇAMBIQUE foi de novo modernizado na ocasião, sendo reduzida, a lotação de passageiros para 264 (105 - 1ª., 141 – 2ª., 18 - 3ª.) e o número de tripulantes para 155, aumentando a capacidade de carga para 14 020 m3 e o porte bruto para 8 214 TDW. O navio saiu de Lisboa a 18-12-1970 numa viagem especial a Luanda, Lourenço Marques, Beira, Nacala e regresso ao Tejo a 7-02-1971, retomando o itinerário habitual da linha da África Oriental a 19-02-1971. Efectuou a última viagem a Angola e Moçambique de 25-01 a 19-03-1972 após o que permaneceu imobilizado em Lisboa. Vendido para desmantelar na Formosa, saiu de Lisboa pela última vez a 19-08, fez escala para reabastecimento em Durban e entrou em Kaohsiung a 29-09, onde começou a ser desmanchado a 22-11-1972 pelo sucateiro Jui Fa Iron & Steel Works, Ltd. Registo cancelado na Capitania do Porto de Lisboa a 14-12-1972. Durante os 22 anos de actividade, o paquete MOÇAMBIQUE transportou cerca de 200.000 passageiros (incluindo 4.200 nos cruzeiros) e transportou cerca de 1 milhão e 100 mil toneladas de carga, gerando as receitas de 570 mil contos em passagens (4.726 contos relativos aos cruzeiros) e 860 mil contos em fretes.
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